Dados do Trabalho


Título

Doenças do sistema de condução eletrica do coração e cardiomiopatias preexistentes: relação com a morte súbita em atletas

Introdução e Objetivo

Atletas com arritmias ventriculares (AVs) apresentam um grande desafio para os médicos,
muitas vezes gerando dúvidas sobre o melhor tratamento. Algumas AVs, como complexos
ventriculares prematuros (CVPs) e taquicardias ventriculares não sustentadas (TVNS), são
consideradas parte da adaptação natural do coração de atletas e costumam desaparecer após um curto período de interrupção dos treinos.

Porém, quando a quantidade de batimentos ventriculares prematuros (PVBs) excede a quantidade classificada com normal, deve-se ficar atento para a possibilidade de doenças cardíacas e cardiomiopatias subjacentes com risco de morte súbita cardíaca (MSC) durante atividade física intensa.

Portanto, este estudo tem como objetivo investigar as complicações associadas às arritmias
e cardiomiopatias em atletas, avaliando os impactos no desempenho esportivo e o risco de
morte súbita resultantes de diagnósticos tardios e falta de adesão ao tratamento.

Casuística e Método

Trata-se de uma revisão sistemática por levantamento bibliográfico das bases de dados
Pubmed e Scielo. Os descritores estabelecidos foram: "arritmias”, “cardiomiopatias”, “ morte
súbita”, “atletas”, conectados pelo operador booleano "and", com filtro dos últimos 5 anos
(2020-2024), nos idiomas português e inglês. Foram encontrados 350 artigos, sendo
excluídos aqueles que, pelo título, não envolviam a temática proposta, repetiam nas bases
de dados ou abordavam apenas um aspecto ou população específica, sendo inicialmente
escolhidas 5 referências.

Resultados

A morte súbita cardíaca (MSC) é um evento inesperado, especialmente em jovens atletas
considerados saudáveis. Estudos recentes indicam que a MSC durante a prática esportiva
corresponde a 5% de todos os casos de MSC, com cerca de 15.000 mortes anuais na
América do Norte e Europa. Sendo que, o risco de MSC em atletas é maior do que em
não-atletas, especialmente em casos de doenças cardiovasculares subjacentes.

Em jovens atletas, as principais causas da MCS são cardiomiopatia hipertrófica,
cardiomiopatia arritmogênica e anomalias coronárias, enquanto em atletas mais velhos, a
principal causa é a Doença Arterial Coronariana (DAC).

Cerca de 42% dos atletas que sofrem MSC apresentam corações aparentemente normais e
testes toxicológicos negativos. Porém, o exercício é um fator que pode desencadear
arritmias ventriculares em atletas com anomalias cardíacas hereditárias ou congênitas,
aumentando o risco de MSC.

Discussão

Em geral, a morte cardíaca súbita (MSC) em atletas é associada a diversos fatores de risco,
incluindo sexo masculino, etnia afro-americana e a presença de doenças cardíacas
estruturais, como cardiomiopatia hipertrófica e doença arterial coronariana, além de condições elétricas, como a
síndrome do QT longo e a taquicardia ventricular, e a prática de exercios vigorosos.

Dado que muitos atletas não apresentam sinais de alerta, as arritmias ventriculares (AVs)
podem ser um indicativo crucial para o diagnóstico de cardiomiopatias ocultas. Isso
questiona a eficácia dos testes de rastreamento pré-participação, que incluem histórico médico, exame físico e eletrocardiograma
(ECG) de 12 derivações, na detecção de doenças
cardiovasculares preexistentes.

Se o exame inicial revelar anormalidades, é fundamental que o atleta consulte um médico
de confiança para uma avaliação mais aprofundada. Exames complementares, como
ecocardiograma, testes genéticos, teste de esforço físico e monitoramento ambulatorial do
ritmo, assim como métodos invasivos como mapeamento eletroanatômico tridimensional
(MEA) e biópsia endomiocárdica guiada por MEA, têm se mostrado ferramentas confiáveis
para caracterizar o substrato miocárdico em pacientes com AVs.

Conclusão

Diante dos dados expostos durante esse trabalho, conclui-se a necessidade de medidas
preventivas, como exames anuais, testes de triagem e acompanhamento contínuo de todos
os atletas, principalmente aqueles com fatores de risco preexistentes. Sendo o diagnóstico
precoce, o melhor meio de prevenção de MSC.

Área

Medicina do Esporte

Autores

Rafaela Del Grosso Reis