Dados do Trabalho
Título
CRIOTERAPIA E IMERSÃO EM ÁGUA GELADA. QUANDO, COMO E PARA QUE? UMA REVISÃO DE LITERATURA.
Introdução e Objetivo
Amplamente difundidas no âmbito esportivo competitivo e amador, as terapias de exposição corporal ao frio e imersão em água gelada compõe um arsenal de medidas visadas para melhorar a capacidade de recuperação muscular e performance. No âmbito científico, tais práticas, e alguns nuances de seus efeitos no organismo e performance, ainda carecem de compreensão ampla, em contraponto, as mesmas e seus possíveis benefícios parecem estruturar o senso comum do meio esportivo de maneira ainda mais sólida. Entretanto, ao que indica a literatura atual, a relação entre tais terapias e melhora dos parâmetros visados parece não se comportar de maneira tão direta e linear, portanto, se faz necessário um olhar amplo para detalhes envolvidos no processo afim de elucidar seus possíveis usos, benefícios e limitações. Diante do exposto, o presente estudo busca compreender de que maneira as terapias e protocolos disponíveis podem ser benéficos diante de diferentes modalidades e fases de treinamento.
Casuística e Método
Casuística e Método: Trata-se de uma revisão de literatura baseada na utilização de descritores indexados pelo Mesh na base de dados PubMed. Duas pesquisas foram realizadas. A primeira feita utilizando os termos “Cold Therapies” AND “Athletes” AND “Post-Exercise Recovery”. Sendo utilizados os filtros de seleção para publicações nos últimos 5 anos, metanálises, ensaios clínicos randomizados e revisões sistemáticas, foram encontrados 7 artigos. A segunda foi feita utilizando os termos “Cryotherapy” AND “Athletes” AND “Post-Exercise Recovery”, sendo encontrados 7 artigos. Dentre os estudos encontrados, 10 foram selecionados para compor a revisão, por melhor se aproximarem e abordarem a temática, bem como sua disponibilização de forma gratuita.
Resultados
A terapia de imersão em agua gelada é caracterizada pela submersão até cintura ou tronco em água em temperaturas entre 5°C e 15°C por um período de 5 a 20 minutos. A crioterapia por outro lado, é feita a partir de tecnologias de refrigeração, onde o corpo permanece em um ambiente em temperaturas abaixo de -30°C por 30 segundos até poucos minutos. Ambas abordagens implicam e diminuição da cascata e sinalização inflamatória ao serem realizadas pós sessões de treinamento, porem em magnitudes diferentes.
Discussão
A terapia de imersão em água gelada realizada pós treino de valências físicas de força e hipertrofia, reduz as respectivas adaptações visadas, ao passo que um intervalo de tempo maior entre o treino e a terapêutica bem como a modalidade de crioterapia parecem ter menor impacto nas adaptações. Portanto, evitar tais terapias em fases de ganhos de força pode ser benéfico. Entretanto, em períodos de intenso treinamentos ou em contexto de eventos competitivos subsequentes, os métodos de imersão e crioterapia podem contribuir na manutenção da performance. Diante das valências físicas explorados nos esportes de endurance, as terapias de imersão pós treino não são capazes de diminuir as adaptações. Ao que tudo indica, tanto a crioterapia quanto a imersão em água gelada promovem respostas orgânicas desejáveis a tal modalidade. O aumento de enzimas oxidativas e capilaridade muscular é descrita, porém ainda não se estabelece uma correlação entre estas alterações e aumento de recuperação e performance no endurance. Abordando a performance em condições de calor, ambas abordagens se mostram benéficas ao serem feitas pré exposição as altas temperaturas.
Conclusão
Diante dos nuances e especificidades relativas a cada indivíduo e modalidade, se faz necessário que a abordagem da recuperação seja feita de maneira intencional e planejada, considerando aspectos temporais dos objetivos e momentos do programa de treinamento. Mais estudos ainda são necessários para que a relação entre adaptações promovidas por terapias de exposição ao frio e impactos nos esportes de endurance seja compreendida de maneira mais ampla.
Área
Medicina do Esporte
Autores
Carolina Da Matta Pincowsky, Guilherme Dias De Moraes, Gabriela De Araujo Pedrote De Carvalho, Bruna Heloísa de Oliveira Soares, Maria Eduarda Matuck Ribeiro De Avelar