Dados do Trabalho

Título

Aumento da incidência de miocardiopatias hipertróficas em atletas

Introdução e Objetivo

A morte súbita cardíaca (MSC) em atletas, embora rara, é uma ocorrência devastadora, sendo a principal causa a cardiomiopatia hipertrófica (CMH), especialmente em jovens. A CMH caracteriza-se pela hipertrofia anormal do músculo cardíaco, que aumenta o risco de arritmias ventriculares graves, como taquicardia ventricular e fibrilação ventricular. A maioria dos jovens atletas afetados são de forma assintomática, dificultando a identificação precoce e a implementação de intervenções preventivas. Diversos critérios eletrocardiográficos, como os Critérios Internacionais de 2017, foram desenvolvidos para aprimorar a triagem pré-participação, visando identificar atletas em risco e reduzir falsos positivos. Assim, o objetivo deste estudo é investigar as dificuldades enfrentadas na abordagem a um atleta com risco cardiovascular associado à CMH.

Casuística e Método

Este estudo utilizou uma revisão de literatura como metodologia científica, analisando 10 artigos selecionados no PubMed sobre a relação entre Miocardiopatia Hipertrófica e morte súbita em atletas. Os descritores foram escolhidos com base nos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS), e o cruzamento dos descritores controlados utilizando operadores booleanos de acordo com a intenção de resultados dos artigo: "Hypertrophic Cardiomyopathy"," Sudden Death" and "Athletes", com filtros para publicações de 2020 a 2024. Foram incluídos artigos que abordavam diretamente o risco cardiovascular em atletas com CMH, excluindo estudos duplicados, revisões narrativas e sem dados empíricos. Os títulos e resumos foram revisados para inclusão ou exclusão do produto no estudo.

Resultados

Os resultados confirmam que a CMH continua sendo a principal causa de morte súbita em atletas jovens, com um dos artigos analisados citando que a CMH é responsável por cerca de 10-15% dos eventos fatais nessa população. Apesar da implementação de critérios de triagem avançados, muitos atletas com formas leves a moderadas de hipertrofia ventricular não são identificados, evidenciando a falha dos métodos atuais em detectar manifestações sutis da doença que, embora menos evidentes, são potencialmente fatais. A MSC afeta 1:63.682 atletas/ano, sendo mais comum em homens (1:43.348) e atletas negros (1:26.704), especialmente no basquete universitário masculino (1:8.188). A CMH é a principal causa nos EUA (12,7%) e Europa (p=0,001). A maioria dos casos de morte súbita ocorreu em indivíduos que não passaram por avaliações preventivas.

Discussão

Os estudos analisados destacam que as triagens atuais enfrentam desafios para distinguir entre alterações cardíacas normais em atletas e aquelas associadas à CMH. Populações específicas, como homens, negros e atletas de alto nível, continuam em maior risco de morte súbita. A implementação de abordagens que combinam dados clínicos, de imagem e genéticos, como ressonância magnética cardíaca e inteligência artificial, é essencial para melhorar a precisão na identificação precoce de atletas em risco. Esses avanços podem transformar a prática clínica, principalmente na área de medicina esportiva, permitindo intervenções preventivas mais eficazes.

Conclusão

Embora os avanços no âmbito dos critérios de triagem tenham melhorado a identificação de atletas em risco, as limitações persistentes destacam a necessidade de abordagens mais abrangentes e personalizadas. Protocolos de avaliação pré-participação aprimorados, que integrem novas tecnologias e análises detalhadas, são fundamentais para garantir a detecção precoce e a segurança dos atletas, contribuindo para a longevidade de suas carreiras. Portanto, faz-se necessário investimentos, no que tange à educação sobre CMH, treinamento especializado para profissionais de saúde esportiva e o desenvolvimento contínuo de tecnologias de triagem. Isso tudo é imprescindível para prevenir a morte súbita em atletas e promover um ambiente esportivo mais seguro.