Dados do Trabalho


Título

SEGURANÇA DE TREINAMENTO EM PACIENTES COM FIBRILAÇÃO ATRIAL

Introdução e Objetivo

A Fibrilação Atrial (FA) é uma arritmia supraventricular caracterizada pela
completa desorganização da atividade elétrica atrial, perdendo sua capacidade de
contração e sístole atrial. É a arritmia cardíaca mais prevalente e afeta aproximadamente
2% da população, com mais casos entre 75 e 85 anos. O treinamento físico tem se
mostrado eficaz com ganhos na capacidade estrutural e funcional cardíaca, força muscular,
resposta autonômica e qualidade de vida. Objetivo: analisar o perfil epidemiológico de um
grupo de pacientes com FA em um centro especializado e abordar evidências científicas
dos benefícios do exercício físico nesses pacientes, atrelada à importância da segurança do
treinamento em indivíduos com essa comorbidade.

Casuística e Método

Trata-se de um estudo transversal, analisando tanto o perfil clínico-epidemiológico quanto o
ergoespirométrico de pacientes submetidos a um programa de reabilitação cardiovascular
de um centro especializado no período de 01/09/2023 a 31/08/2024. Foram analisados 49
indivíduos, sendo 27 do sexo masculino e 22 do sexo feminino, divididos em 36 pacientes
com FA e 32 sem FA (grupo controle). Além do mais, foi feita uma breve revisão de
literatura utilizando os descritores “atrial fibrillation”, “physical exercise” e “training safety”
nas bases de dados do PubMed, Scielo e UpToDate

Resultados

Foram feitos testes cardiopulmonares e ergométricos nesse programa de reabilitação cardiovascular do centro especializado. Na
análise desses testes, os seguintes resultados foram encontrados: A frequência cardíaca (FC) média foi de 135,6 batimentos por minuto (bpm), enquanto a mediana foi de 134 bpm;
sendo a média do grupo com FA de 141,7 bpm e a do grupo controle de 127,8 bpm. A
média do volume de oxigênio máximo (VO2max) durante o teste foi de 16,3ml/kg/min, enquanto a
mediana foi de 15,8ml/kg/min; sendo a média do grupo com FA de 17,4ml/kg/min e a do grupo controle de 18,9ml/kg/min.
A média de velocidade máxima atingida foi de 4,5 quilômetros por hora (km/h), enquanto a
mediana foi de 4,4 km/h; sendo a média do grupo com FA de 4,8 km/h e a do grupo controle
de 5,7 km/h. Dentre os pacientes com o equivalente metabólico de tarefa (MET) calculado,
a média foi de 4,7, sendo a mediana de 4,6. Em relação às comorbidades, cerca de 89%
dos pacientes com FA são sedentários, enquanto somente 68,8% dos pacientes sem FA
também o são.

Discussão

Diante do exposto, o exercício físico e o treinamento aeróbico
de resistência desempenham um papel importante no tratamento da FA e na melhora da
saúde cardiovascular, reduzindo sintomas e melhorando a qualidade de vida desses
pacientes. Entretanto, é essencial que o treinamento seja seguro e efetivo para evitar
maiores complicações. Assim, o estudo evidenciou uma notória diferença média de
VO2max e de FC dos participantes com FA em relação aos do grupo controle,
demonstrando a importância de se atentar ao máximo da capacidade física que esses
pacientes apresentam. Por ser um nível significativamente inferior, as estratégias de
treinamento não devem ultrapassar esse ponto de exaustão encontrado, considerando os
riscos potenciais que essa prática pode gerar. É importante ressaltar a necessidade de se
realizar uma boa avaliação médica pré-treinamento, contando com variáveis como FC
média, VO2max, velocidade máxima atingida, cálculo do MET e comorbidades dos
pacientes, visto a discrepância dessas variáveis entre os pacientes com e sem FA.

Conclusão

A prática de atividade física regular, realizada de maneira consciente e com
orientação médica, pode ser uma ferramenta eficaz para melhorar a saúde e a qualidade de
vida dos pacientes com FA, incrementando a terapêutica e melhorando os desfechos dessa
doença.

Área

Medicina do Esporte

Instituições

Centro Clínico da UCS (Ceclin) - Rio Grande do Sul - Brasil, Universidade de Caxias do Sul - Rio Grande do Sul - Brasil

Autores

Victoria Souza Boff, Amanda Cortes Molon, Vitor Lamb Bueno, Giovanna Dal Sochio Gobbato, Nicolas Campana Fuchs, Gabriel Lopes Amorim