Dados do Trabalho


Título

Respostas cardíacas ao exercício: mecanismos fisiológicos cardioadaptativos em atletas

Introdução e Objetivo

A prática de atividade física é reconhecida pela promoção de adaptações cardíacas que visam otimizar o desempenho de treinamento e promover um suporte adequado ao aumento das demandas energéticas. Essas alterações no coração do atleta incluem uma melhor funcionalidade cardiorrespiratória a partir do aumento do volume das paredes ventriculares, bem como a redução da frequência cardíaca e aumento do volume sistólico com consequente melhora da capacidade aeróbica. Tais respostas cardíacas corroboram o impacto das atividades físicas na melhora da performance esportiva e na saúde cardiovascular dos atletas.
Analisar as adaptações cardíacas fisiológicas decorrentes da prática regular de atividade física, compreendendo as principais modificações estruturais e funcionais do coração e suas implicações na saúde cardiovascular dos atletas.

Casuística e Método

Foi realizada uma revisão sistemática da literatura, utilizando as bases de dados PubMed para identificar e selecionar artigos relevantes publicados nos últimos 5 anos - entre 2019 e 2024. Foram utilizados os filtros “free full texts”, “clinical trial”, “randomized controlled trial”, “systematic review”, “humans” e “english”. Os descritores utilizados foram “athlete heart”, além de "cardiac adaptations" e "athletes”. Os critérios de inclusão foram definidos como estudos que abordam o impacto da atividade em adaptações cardíacas fisiológicas nos atletas . Em um total de 208 artigos, 14 foram usados para a construção do presente artigo.

Resultados

Os atletas desenvolvem adaptações fisiológicas específicas, como a dilatação das câmaras cardíacas e a hipertrofia ventricular esquerda, ambas relacionadas à melhoria do desempenho e capacidade aeróbica. A maioria dos esportes combina exercícios dinâmicos e estáticos, resultando em efeitos hemodinâmicos que influenciam o grau de remodelação cardíaca, caracterizado por bradicardia, aumento das câmaras cardíacas e capacidade de gerar um maior volume sistólico. Atletas de resistência tendem a apresentar uma melhor função autonômica do coração, com maior variabilidade da frequência cardíaca e menores frequências cardíacas de repouso em relação aos indivíduos não-atletas. Essa maior variabilidade reflete uma predominância do sistema nervoso parassimpático, que está associada à capacidade de recuperação e ao estado geral da saúde cardiovascular.

Discussão

A atividade física requer um aumento na captação de oxigênio pulmonar, no transporte de oxigênio circulatório e sua utilização a nível celular, visando o suporte das demandas metabólicas. O desempenho aeróbico é determinado pela capacidade cardiorrespiratória, dependente do débito cardíaco e da diferença arteriovenosa de oxigênio. O treinamento prolongado aumenta o volume sistólico e a capacidade do coração de suportar demandas elevadas. Dessa forma, quanto mais eficiente for o débito cardíaco e a extração de oxigênio pelos músculos, maior será a capacidade de sustentar atividades de alta intensidade por períodos prolongados. Juntamente a isso, a hipertrofia cardíaca dos atletas contribui para um aumento do volume sistólico, do débito cardíaco e, consequentemente, da capacidade cardiorrespiratória.

Conclusão

Desse modo, percebe-se alterações anatômicas e fisiológicas decorrentes da prática de exercícios físicos, que atuam como adaptações para um estado de maior demanda energética e de oxigenação. Essas modificações estruturais podem ser equivocadamente interpretadas como patologias, mas, com a adaptação do corpo, tornam-se ajustes essenciais para melhorar o desempenho. Além das diferenças entre atletas e indivíduos sedentários, também são notáveis as variações entre os gêneros, evidenciando distintas necessidades fisiológicas e possíveis condições patológicas em cada caso. Dessa forma, é essencial compreender o equilíbrio entre adaptações fisiológicas que otimizam a performance esportiva juntamente com a determinação de abordagens preventivas e diagnósticas individualizadas para cada atleta.

Área

Medicina do Esporte

Instituições

UNIFASE - Rio de Janeiro - Brasil

Autores

Arthur Pasini Raduan Miguel, Eduardo Duarte Carvalho, Bernardo Alencar Thome Campos, Pâmela Banger Figueira