Dados do Trabalho


Título

ATIVIDADE FÍSICA, TEMPO DE TELA E QUALIDADE DO SONO DE ESTUDANTES DURANTE O ENSINO REMOTO

Introdução e Objetivo

O novo coronavírus, identificado como SARS-CoV-2, causou a pandemia de COVID-19, declarada em março de 2020 pela OMS. Medidas de distanciamento social, incluindo a mudança para o ensino remoto, foram adotadas para conter a disseminação do vírus. Essa transição trouxe desafios significativos para os estudantes, como aumento do tempo de tela, inatividade física e problemas na qualidade do sono. Diretrizes de movimento recomendam níveis específicos de atividade física e sono para diferentes faixas etárias, que foram comprometidos durante a pandemia. Apesar do arrefecimento da crise, a investigação dos impactos do ensino remoto nos hábitos de vida dos estudantes, especialmente no contexto brasileiro, continua essencial. O objetivo deste estudo foi analisar o impacto do ensino remoto e suas consequências sobre os níveis de atividade física, tempo acumulado em frente a telas e qualidade de sono de estudantes. Foi levantada a hipótese de que a adoção do ensino remoto resulta em uma redução de hábitos saudáveis entre os estudantes.

Casuística e Método

Trata-se de um estudo transversal realizado com 995 estudantes do ensino médio, com idade média de 22,34 ± 7,46, considerando todas as 20 unidades acadêmicas do Instituto Federal do Rio Grande do Norte, Nordeste do Brasil. As coletas foram realizadas no período de 08 de setembro a 29 de novembro de 2021. Um questionário online foi estruturado com informações do recordatório dos comportamentos antes e durante o ensino remoto. Instrumentos validados foram utilizados para mensurar o nível de atividade física (IPAQ), exposição a tempo de tela recreativa e qualidade de sono (MSQ). Foi realizada análise descritiva dos dados por meio de números absolutos e percentuais. Na análise inferencial, foram realizados modelos de regressão logística binário para estimar a probabilidade de ter comportamentos negativos durante o isolamento social.

Resultados

Foram considerados 1.054 estudantes, no entanto, foram excluídos 37 que responderam de forma incompleta o questionário e 22 que se recusaram a participar da pesquisa, restando 995 participantes. em sua maioria do sexo feminino 56,5 (n=562). Com idade entre de 18 a 29 anos 44,2% (n=440). Quanto à cor, a maioria se identifica como não brancos 61,2% (n=609). A maioria dos participantes reside no interior 54,3% (n=540) e possuem ensino médio integrado 54,6% (n=543), enquanto 14,3% (n=142) cursam ensino subsequente. Na análise inferencial, observou-se que durante o ensino remoto, os participantes tiveram mais chances de estarem fisicamente inativos (OR: 1,45, p-valor<0,001), terem mais de duas horas de tempo de tela (OR: 1,77, p-valor<0,001) e pior qualidade do sono (OR: 1,68, p-valor<0,001).

Discussão

Este estudo destacou os impactos negativos do ensino remoto, com aumento significativo na inatividade física e no tempo de tela, o que está alinhado com estudos anteriores que relacionam esses fatores ao isolamento social e à mudança abrupta na rotina. A dependência de dispositivos eletrônicos para atividades acadêmicas e recreativas também contribuiu para a piora da qualidade do sono, associada ao estresse e à falta de atividade física. A relação entre o aumento do tempo de tela e os problemas de saúde, como obesidade e distúrbios do sono, foi evidenciada, o que sugere a necessidade de intervenções.

Conclusão

Os achados demonstram que as mudanças nos comportamentos refletem o impacto da adoção do ensino remoto nas rotinas e na saúde dos estudantes, destacando a importância de uma organização social e educacional com abordagens preventivas e intervenções focadas em comportamentos de saúde em tempos de desafios sanitários que resultam em isolamento social.

Área

Medicina do Esporte

Instituições

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte - Rio Grande do Norte - Brasil, Universidade Estadual do Ceará - Ceará - Brasil, Universidade Federal da Bahia - Bahia - Brasil, Universidade Federal da Paraíba - Paraíba - Brasil, Universidade Federal de Santa Catarina - Santa Catarina - Brasil, Universidade Federal do Norte do Tocantins - Tocantins - Brasil

Autores

Elias dos Santos Batista, Helder Xavier Bezerra, Flávia Virgínia Dantas da Silva, Gabriel Pereira Maciel, Valter Cordeiro Barbosa Filho, Rodrigo Ramalho Aniceto