Dados do Trabalho


Título

Os megaeventos esportivos enquanto instrumentos de formação: relato de experiência de estudantes de Medicina na “Maratona do Rio”

Introdução e Objetivo

A abordagem da Medicina do Exercício e do Esporte ainda é realizada de forma transversal nos cursos de Graduação em Medicina. Em breve consulta aos projetos políticos pedagógicos das principais instituições federais foi possível observar a inexistência de uma disciplina obrigatória sobre o assunto, bem como um eixo de prática, como ambulatório ou serviço externo, sendo, portanto, uma lacuna em diversas instituições de ensino. Em contrapartida, a participação em eventos esportivos constitui uma das principais ferramentas de ensino para preenchimento desse conhecimento específico. Desse modo, o presente trabalho tem como principal objetivo relatar a vivência de três estudantes de graduação em Medicina na “Maratona do Rio”.

Casuística e Método

O método a ser utilizado será o relato de experiência, através das observações e reflexões de três estudantes de Medicina. A “Maratona do Rio” é um megaevento esportivo que reúne cerca de 45 mil participantes em três dias de competição, tendo provas de 05, 10, 21 e 42 quilômetros e o “desafio” com a realização de 21 quilômetros no sábado e 42 quilômetros no domingo.

Resultados

Todos os graduandos participaram de uma formação prévia com aula teórica sobre as ocorrências médicas mais frequentes. Os atendimentos ocorreram em um hospital de campanha com uma ampla estrutura, aproximadamente 300m² com capacidade para 28 leitos, divididos em pré-atendimento, sala verde e sala vermelha com recursos de monitorização cardíaca, exames de imagem e recursos de recovery, como banheiras de gelo. A equipe multidisciplinar foi composta por enfermeiros, fisioterapeutas, farmacêuticos, assistentes sociais e médicos de diferentes especialidades, como Medicina do Esporte, Ortopedia e Traumatologia, especialistas em diagnósticos por imagem e em Alergia e Imunologia. Os acadêmicos realizavam os atendimentos médicos sob supervisão, tendo como principal função a aferição a cada cinco minutos da pressão arterial, temperatura, frequência cardíaca, frequência respiratória e saturação de oxigênio. Além disso, atuavam no acolhimento, na orientação terapêutica e nos cuidados após a alta médica. Durante os dias de provas, os acadêmicos acompanharam, individualmente, em média 06 atendimentos por dia, tendo como principais ocorrências a hiponatremia e hipertermia na meia maratona e exaustão/fadiga e hiponatremia na maratona.

Discussão

Esses dados são justificados pelas condições climáticas do Rio de Janeiro, com temperatura média elevada e grande umidade, tendo grande exigência física para conclusão das atividades. Sobre os casos de hiponatremia, nessa edição, observamos durante esses atendimentos diversos equívocos dos pacientes sobre a hidratação e a alimentação pré-prova, como a ingestão excessiva de líquidos no dia anterior e a realização da prova em jejum. Ainda é possível destacar o acompanhamento de um estiramento muscular (possível classificação nível 03) com realização de ultrassom em campo, alívio álgico e transferência para serviço de atenção especializada. Em todos os atendimentos realizados observamos a participação ativa dos atletas, contribuindo positivamente na anamnese e no exame físico. Outro ponto de destaque foi a especificidade dos atendimentos em Medicina Esportiva, condições não encontradas comumente em outro ambiente hospitalar, bem como sua rápida resolução com o suporte adequado.

Conclusão

Desse modo, tendo em vista que esse eixo de prática não está disponível em outros serviços de formação durante a graduação médica, os megaeventos destacam-se como importantes campos de aprendizagem na Medicina Esportiva. Todos os estudantes envolvidos neste relato evidenciam a participação na “Maratona Rio” como um grande diferencial em sua formação acadêmica.

Área

Medicina do Esporte

Autores

Daniel Netto Aquino, Natascha dos Santos Böddener, Victor Massaki Souza Horiba, Luísa Martins Filgueiras, Guilherme Gomes Azizi, Guilherme Almeida Rosa da Silva