Dados do Trabalho


Título

Análise da incidência e perfil das lesões em praticantes de Kitesurf

Introdução e Objetivo

O kitesurf, esporte aquático radical, tem se popularizado globalmente, com aproximadamente 3,5 milhões de praticantes. Essa modalidade, caracterizada por ventos fortes e saltos altos, traz riscos significativos de lesões devido à força gerada pelas pipas. Com altas velocidades e manobras intensas, o kitesurf se torna perigoso, principalmente para atletas inexperientes. O estudo busca analisar a incidência e o perfil das lesões em kitesurfistas, com o objetivo de melhor compreender os riscos.

Casuística e Método

O presente estudo é baseado em uma revisão de literatura conduzida na base de dados PubMed e SciELO, utilizando os descritores “kitesurfing”, “injuries”, e “epidemiology” com o uso do operador booleano AND. Ressalta-se que a seleção foi feita com artigos publicados nos últimos 6 anos, incluindo relatos de caso, revisões e meta análises, seguindo os critérios de relevância para o tema e aplicabilidade dos resultados para o público-alvo de kitesurfistas. Ademais, os dados foram analisados de forma qualitativa, visando identificar as características dessas lesões e incidência.

Resultados

Os dados analisados revelaram que a taxa de lesões é alta, com 10,5 lesões para cada 1000 horas de prática. Lesões comuns incluem cortes e abrasões (25,4%), contusões (19,8%), entorses articulares (17,5%) e estiramentos musculares (10,2%), com tornozelos e pés sendo as áreas mais afetadas (31,8%). Além disso, 36,7% das lesões são atribuídas à falta de competência técnica dos praticantes. As fraturas, embora menos frequentes (4%), ocorrem principalmente em pés, tornozelos e coluna, em situações de águas rasas. Lesões graves são menos comuns, com 14,1% dos casos necessitando de atendimento médico, e 2,9% levando à hospitalização. Lesões severas, como luxações e fraturas, foram relatadas em situações isoladas. A maioria dos praticantes (83,1%) retorna à prática em até uma semana. Ventos fortes e a falta de equipamentos de proteção, como coletes de impacto e capacetes, também contribuem para a gravidade das lesões.

Discussão

A prevalência de lesões no kitesurf, especialmente nos membros inferiores, foi um dos achados mais consistentes, com o tornozelo e o pé sendo as áreas mais afetadas em 31,8% dos casos. Essa incidência está relacionada à biomecânica do esporte, principalmente durante os pousos após saltos em alta velocidade. Além disso, 36,7% das lesões estão ligadas à inexperiência dos praticantes. Isso reforça a importância de treinamentos específicos e o uso de simuladores, para reduzir acidentes entre iniciantes e melhorar a competência técnica dos atletas. Condições ambientais adversas, como ventos fortes e águas agitadas, também são fatores determinantes no aumento de lesões graves, incluindo fraturas e luxações. Um dos estudos analisados relata que ventos acima de 33 km/h podem aumentar a vulnerabilidade dos praticantes. Devido a menor frequência de lesões graves, que resultaram em hospitalização em apenas 2,9% dos casos, o uso de equipamentos de proteção, como capacetes e coletes, ainda é negligenciado. Assim, regulamentações mais rígidas e um foco maior na segurança podem ser medidas cruciais para reduzir os riscos.

Conclusão

Diante da crescente popularidade do kitesurf e do risco significativo de lesões associado à prática, esta revisão busca ampliar o conhecimento sobre a prevalência, incidência e os principais locais acometidos em praticantes desta modalidade. Além disso, visa compreender o perfil dos kitesurfistas e as lesões que mais os afetam, destacando a importância de medidas preventivas e do uso adequado de equipamentos de proteção. Torna-se evidente a necessidade de médicos ortopedistas e outros profissionais da saúde compreenderem melhor essas lesões, a fim de proporcionar um tratamento mais eficaz e promover a segurança entre os praticantes.

Área

Medicina do Esporte

Instituições

Centro Universitário Christus - Ceará - Brasil

Autores

Marcelo Fontenele Girão, João Lucas Rocha, Ruan Braga Santiago, Nathalia Camilla Jenkins , Roberto Brígido Ary, Pedro Felipe Austregésilo