Dados do Trabalho
Título
ANÁLISE DAS LESÕES ESPORTIVAS EM ATLETAS DE HANDEBOL CEARENSES COM ÊNFASE NAS POSIÇÕES DE JOGO
Introdução e Objetivo
O handebol possui mais de 200 mil praticantes no Brasil, mas ainda carece de um controle epidemiológico eficiente das lesões esportivas, o que dificulta a criação de estratégias preventivas específicas por posição. No Ceará, os atletas enfrentam riscos como falta de suporte adequado para recuperação muscular, intervalos curtos entre partidas e ausência de dedicação exclusiva ao esporte, afetando a preparação física. Este estudo busca analisar a prevalência de lesões no handebol, correlacionando diferentes regiões anatômicas com as posições dos atletas, para auxiliar na criação de estratégias de prevenção mais eficazes.
Casuística e Método
Foi conduzida uma pesquisa quantitativa utilizando um questionário com perguntas objetivas sobre o histórico de lesões de 97 atletas de handebol, de diferentes faixas etárias e gêneros. A coleta de dados foi feita via Google Forms, com questionários distribuídos pelos técnicos aos atletas por grupos de WhatsApp. A análise dos dados ocorreu com o auxílio do software Planilhas Google, e todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, conforme as normas éticas.
Resultados
A análise mostrou que as lesões variam conforme a posição dos atletas de handebol. Nos goleiros, 71,4% ocorreram nas mãos, enquanto nas outras posições essa taxa foi de 59%. Os pivôs tiveram 47,6% das lesões no braço ou cotovelo, comparado a 31,6% nas demais posições. Entre os pontas, 34,8% das lesões afetaram os ombros, com 46,4% em outras posições. Armadores centrais relataram 70,6% das lesões na coxa, muito acima dos 33,8% de outras posições. Lesões no joelho foram registradas em 65,5% dos armadores, laterais e pivôs, em contraste com 41% em outras posições. Lesões no tornozelo afetaram 67,5% dos atletas de linha, especialmente armadores centrais (88,2%), e 50% dos goleiros. Entorses no tornozelo representaram 48,5% dos casos, enquanto 46,5% dos atletas relataram lesões no ombro e 60,8% nas mãos, devido ao movimento repetitivo do arremesso.
Discussão
A análise dos dados revelou padrões importantes na distribuição das lesões entre atletas de handebol, conforme suas posições em campo. A predominância de lesões nas mãos entre goleiros (71,4%) é condizente com as exigências de sua função, que envolve defesa de arremessos de alta intensidade. Já os pivôs, com 47,6% de lesões no braço ou cotovelo, demonstram maior suscetibilidade em virtude dos frequentes contatos físicos e bloqueios, em comparação com outras posições. Notamos também uma elevada prevalência de lesões no ombro entre atletas de linha, especialmente nos pontas (34,8%), sugerindo que o movimento repetitivo de arremesso e as rotações necessárias para essa função estão diretamente relacionadas. Entre os armadores centrais, a maior incidência de lesões na coxa (70,6%) e joelho (65,5%) reflete a alta demanda física e os movimentos de aceleração e desaceleração rápida, típicos dessa posição. Essas observações enfatizam a necessidade de estratégias preventivas específicas para cada posição, a fim de mitigar o risco de lesões e melhorar o desempenho atlético.
Conclusão
Este estudo demonstrou uma alta incidência de lesões no joelho, mãos e tornozelo, com pelo menos 55% dos atletas afetados em cada uma dessas regiões. Lesões no tornozelo, especialmente entorses, se mostraram frequentes devido aos movimentos intensos e bruscos exigidos pelo esporte. Já as lesões nos membros superiores, particularmente nos ombros e mãos, refletem a carga imposta pelos arremessos. Esses dados sublinham a importância das lesões esportivas na vida dos atletas de handebol e ressaltam a necessidade de um banco de dados epidemiológico robusto. Esse tipo de informação será crucial para a criação de estratégias de prevenção eficazes, com o objetivo de reduzir tanto a ocorrência de lesões quanto o tempo de afastamento dos jogadores, preservando, assim, a continuidade de suas carreiras esportivas.
Área
Medicina do Esporte
Instituições
Centro Universitário Christus (UNICHRISTUS) - Ceará - Brasil, Universidade Estadual do Rio Grando do Norte (UERN - Faculdade de Ciências da Saúde) - Rio Grande do Norte - Brasil, Universidade Federal do Ceará (UFC) - Ceará - Brasil
Autores
Guilherme Sávio Lima Frota, Pedro Felipe Austregésilo de Alencar, Álvaro Ryan Matos de Oliveira, Larissa Amorim Teixeira, João Felipe Martins Tomaz, Eduardo Vasconcelos de Freitas