Dados do Trabalho
Título
VALIDADE DE EQUAÇÕES PARA ESTIMATIVA DA PRESSÃO DE OCLUSÃO ARTERIAL NOS MEMBROS INFERIORES: IMPLICAÇÕES PARA A PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIOS COM RESTRIÇÃO DE FLUXO SANGUÍNEO
Introdução e Objetivo
A pressão utilizada na prescrição de exercícios com restrição de fluxo sanguíneo (RFS) deve ser individualizada, utilizando como referência um percentual da pressão de oclusão arterial (POA). A determinação da POA pode ser feita por meio de técnicas diretas, como o uso de doppler vascular, ou estimada por equações matemáticas baseadas em medidas antropométricas (circunferência do membro) e fisiológicas (pressão arterial braquial). Embora as equações sejam uma alternativa prática e acessível, sua validade e precisão em diferentes populações ainda carecem de uma investigação mais aprofundada. O objetivo deste estudo foi avaliar a validade de cinco equações baseadas em medidas antropométricas e pressão arterial braquial na estimativa da POA dos membros inferiores, utilizando como referência a POA determinada por meio de um doppler vascular portátil.
Casuística e Método
Cinquenta e dois participantes (26 mulheres), com idades entre 18 e 40 anos, participaram deste estudo. Em uma única visita, foram realizadas avaliações antropométricas que incluíram estatura, massa corporal e circunferência da coxa. Também foram mensuradas a pressão arterial braquial e a POA dos membros inferiores. A POA foi determinada utilizando um manguito de 18 cm e 11 cm de largura, aplicados em diferentes posições: supina, sentada e em pé. A circunferência da coxa e a pressão arterial braquial foram utilizadas para estimar a POA por meio de equações previamente descritas na literatura. Para comparar a POA estimada com a medida de referência, utilizou-se o “teste t” de Student pareado. Ademais, uma análise da dispersão dos resíduos pelo método proposto por Bland e Altman foi implementada.
Resultados
Os resultados indicaram uma diferença significativa entre as medidas estimadas e as medidas de referência para todas as equações avaliadas (p<0,001). A equação de Wedig mostrou uma diferença média de 20 mmHg (intervalo de confiança de 95% [IC95]: 16,0 a 25,8) em relação à POA determinada com o doppler vascular usando um manguito de 18 cm na posição sentada. De maneira semelhante, a equação de Sieljacks apresentou uma diferença média de 20 mmHg (IC95%: 13,6 a 26,8) quando comparada à POA determinada com o doppler vascular utilizando um manguito de 11 cm na posição supina. Para as equações de Cirilo-Sousa (manguito de 18 cm, posição supina), Sieljacks (manguito de 12 cm, posição sentada) e Yamada (manguito de 12 cm, posição supina), as diferenças médias foram de -40 mmHg (IC95%: -43,9 a -36,0), 31 mmHg (IC95%: 25,3 a 37,6) e -26,7 mmHg (IC95%: -31,5 a -21,9), respectivamente.
Discussão
Estudos prévios demonstraram que a pressão adotada no exercício resistido com RFS pode influenciar significativamente as respostas neuromusculares e perceptivas agudas. Assim, a determinação precisa da pressão é crucial para a prescrição adequada do exercício com RFS. As equações matemáticas que utilizam medidas antropométricas e pressão arterial para estimar a POA têm sido propostas como alternativas práticas. No entanto, os resultados deste estudo sugerem que as equações disponíveis na literatura podem não fornecer estimativas precisas da POA. Embora tenhamos observado diferenças significativas entre as POAs estimadas e as medidas de referência, ainda não está claro se essas discrepâncias possuem relevância clínica significativa. Portanto, é necessário realizar mais estudos para determinar se as diferenças observadas impactam a eficácia e a segurança do treinamento com RFS.
Conclusão
As equações propostas para estimar a POA dos membros inferiores, especialmente com manguitos de tamanhos médios e grandes, podem não fornecer medidas precisas.
Área
Medicina do Esporte
Instituições
Centro Universitário Maurício de Nassau - Paraíba - Brasil, Universidade Federal da Paraíba - Paraíba - Brasil, Universidade Federal do Rio Grande do Norte - Rio Grande do Norte - Brasil
Autores
Júlio César M. Alves, Breno Guilherme de A. T. Cabral, Andryellen dos Santos Almeida, Helder Xavier Bezerra, Rodrigo Ramalho Aniceto, Victor S. de Queiros