Dados do Trabalho


Título

Acompanhamento Cardíaco em Atletas de Elite: Estratégias para Prevenção de Arritmias

Introdução e Objetivo

A relação entre a prática de exercícios físicos e a saúde remonta a cerca de 5 a.C., quando Heródico, um médico grego, afirmava que a má saúde era fruto do desequilíbrio entre dieta e atividade física. Hoje, é amplamente reconhecido que o exercício previne doenças cardíacas, como a doença cardíaca coronariana e a insuficiência cardíaca. Contudo, o treinamento excessivo, comum em atletas profissionais, pode ter efeitos adversos na saúde cardiovascular, levando ao fenômeno conhecido como "coração de atleta". As alterações cardíacas em atletas são resultado da remodelação induzida pelo exercício intenso, que modifica a estrutura do coração. Essas alterações podem ser benéficas quando acompanhadas de melhorias na função cardíaca, mas a hipertrofia pode provocar distúrbios elétricos, tornando o miocárdio semelhante a um quadro patológico, com risco de arritmias, sendo a fibrilação atrial (FA) a mais prevalente. Esta revisão busca investigar a correlação entre exercícios de alta intensidade e a manifestação de fibrilação atrial.

Casuística e Método

A metodologia consistiu na busca de artigos na base de dados PubMed, usando os termos "atrial fibrillation" e "athlete's heart", resultando em nove artigos encontrados entre 2019 e 2024. Desses, quatro foram considerados relevantes.

Resultados

A análise mostrou que a atividade física moderada traz benefícios à saúde e atua como terapia complementar em doenças cardíacas e metabólicas, além de aumentar a sobrevida, mas também se associou a uma maior probabilidade de fibrilação atrial. Além disso, o exercício regular provoca remodelações cardíacas morfológicas, funcionais e elétricas, conhecidas como "coração de atleta", que incluem alterações nas câmaras ventriculares e espessura das paredes. No entanto, quando exacerbadas em esportes de alta intensidade, essas mudanças mimetizam padrões estruturais patológicos, dificultando a diferenciação entre adaptações normais e anormais.

Discussão

A prática de atividade física é essencial para melhorar a qualidade de vida e auxiliar no tratamento de doenças como diabetes e obesidade. Entretanto, o excesso, especialmente em atletas de elite, pode levar a distúrbios cardíacos, como arritmias e fibrose miocárdica, devido a impactos na morfofisiologia cardíaca. A remodelação cardíaca, ou "coração de atleta", resulta de adaptações na espessura das paredes e no tamanho das câmaras cardíacas devido ao aumento de pressão e sobrecarga volumétrica durante o exercício. Embora essas adaptações melhorem a função cardíaca, a remodelação extrema está associada a efeitos adversos, como diminuição da função ventricular direita e elevação de biomarcadores cardíacos. Estudos indicam que o aumento do tamanho atrial em atletas de alto desempenho é cerca de 60% maior que em não-atletas da mesma faixa etária, aumentando o risco de eventos arrítmicos.

Conclusão

É fato que a prática de atividade física moderada está associada a uma melhor qualidade de vida e saúde, devendo ser incentivada. No entanto, é crucial o acompanhamento cardiológico de atletas de alta performance, pois mesmo estando em forma, podem apresentar sinais de doenças cardiovasculares. Futuros estudos devem focar no desenvolvimento diagnósticos mais precisos para identificar precocemente alterações cardíacas anormais no coração do atleta.

Área

Medicina do Esporte

Instituições

Universidade de Marília (UNIMAR) - São Paulo - Brasil

Autores

Luccas Braz Pires Paraguassú de Souza, Mariana Monteiro Vilela, Marina Ribas Losasso, Gustavo Henrique Colle de Carvalho, Melyssa Xavier Ferreira, Dauane Cristine Orso Toscan Rodrigues