Dados do Trabalho
Título
Lesões no Beach Tennis e os fatores de risco relacionados: Uma revisão de literatura
Introdução e Objetivo
O tênis de praia (BT) teve seu início na Itália, em 1987, e chegou ao Brasil, especificamente ao Rio de Janeiro, por volta de 2008, onde atualmente é praticado em diversos locais do país, principalmente nas regiões litorâneas. Além disso, de acordo com a Confederação Brasileira de Tênis, o BT já possui mais de 500 mil praticantes no mundo. O esporte é uma mistura dinâmica de vôlei de praia, tênis e badminton. No entanto, como acontece com a maioria dos esportes, sua prática está muito relacionada a um risco significativo de lesões. O presente estudo tem como objetivo identificar e analisar as principais lesões que afetam os jogadores de BT, bem como os fatores de risco envolvidos.
Casuística e Método
Esse estudo é baseado em uma revisão de literatura de artigos extraídos da base de dados PubMed, utilizando os descritores padronizados “beach tennis”, “injury”, “risk factors” com o uso do operador booleano AND, resultando em três artigos. Além disso, os dados foram analisados qualitativamente, visando identificar resultados em comum sobre os tipos de lesões mais prevalentes no esporte e os principais fatores de risco associados.
Resultados
Os estudos analisados mostram uma alta frequência de lesões ortopédicas entre os praticantes de BT, especialmente nos membros superiores (MMSS) e nos inferiores (MMII). Um dos estudos revelou que 55,7% dos jogadores relataram lesões, com o cotovelo (23,4%) e o ombro (14%) sendo as áreas mais afetadas. Um trabalho semelhante identificou uma incidência de 1,81 lesões a cada 1000 horas de prática, enquanto outro relatou uma taxa de 0,82 lesões por mil horas, com quase metade dos praticantes tendo sofrido algum tipo de lesão. As tendinites foram as lesões mais comuns nos MMSS, enquanto distensões e entorses ocorreram com maior frequência nos MMII. O tempo de prática foi apontado como um fator de risco relevante, com jogadores que treinavam entre 5 e 7 vezes por semana apresentando maior incidência de lesões. Além disso, a existência de lesões anteriores aumentou significativamente o risco de novas lesões, principalmente entre jogadores mais velhos.
Discussão
Ressalta-se que o aumento da prevalência está intrinsecamente relacionado ao aumento do número de praticantes, ou seja, ao analisar a taxa do aumento das lesões, deve-se levar isso em relação. Os resultados confirmam que o BT apresenta um risco elevado de lesões, especialmente nos MMSS e MMII, com tendinites no cotovelo e ombro sendo as mais prevalentes. A alta demanda biomecânica e os movimentos repetitivos explicam o predomínio dessas lesões, enquanto distensões e entorses nos MMII refletem os movimentos rápidos e bruscos característicos do esporte.
Conclusão
Os estudos sobre lesões no BT apresentam resultados convergentes quanto à alta prevalência de lesões ortopédicas, especialmente nos MMSS (cotovelo e ombro) e nos MMII (joelho e tornozelo), com destaque para tendinopatias e entorses. O tempo de prática e a presença de lesões anteriores foram identificados como os principais fatores de risco, sendo que jogadores mais velhos e com maior exposição ao esporte estão mais suscetíveis. Não foram encontradas correlações significativas entre sexo, IMC ou a prática de alongamento e fortalecimento muscular com a ocorrência de lesões. Além disso, a experiência em outros esportes de raquete foi apontada como um fator que aumenta a probabilidade de lesões. Enquanto as lesões crônicas são mais prevalentes nos MMSS, as lesões traumáticas agudas predominam nos MMII, sendo mais comuns entre jogadores recreativos. Além disso, é recomendado o desenvolvimento de estratégias preventivas, como a redução de sobrecarga nos treinos e a inclusão de programas de condicionamento físico, especialmente para jogadores com histórico de lesões, visando mitigar os riscos e melhorar a longevidade dos praticantes de BT.
Área
Medicina do Esporte
Instituições
Centro Universitário Christus - Ceará - Brasil
Autores
Marcelo Fontenele Girão, João Lucas Rocha, Roberto Brígido Ary, Pedro Felipe Austregésilo, Guilherme Sávio Frota, Ruan Braga Santiago