Dados do Trabalho
Título
Maratonas diárias: Relato de caso de fratura de estresse em colo femoral
Introdução e Objetivo
Entre corredores de longas distâncias, as fraturas por estresse são lesões
frequentes devido à natureza repetitiva do esporte. Essas fraturas ocorrem devido à
sobrecarga contínua que excede a capacidade de regeneração dos ossos, levando à formação
de microfraturas que podem evoluir para uma fratura completa. Um diagnóstico tardio
aumenta os riscos de complicações graves, com chance de comprometer permanentemente a
função do membro afetado. Objetivo: Relatar caso de atleta em realização de projeto de
maratonas diárias sem acompanhamento médico adequado que acarretou fratura de estresse
do fêmur direito
Casuística e Método
Relato de caso baseado em prontuários, exames e história clínica do paciente.
Resultados
Paciente do sexo masculino, 42 anos de idade, corredor de maratona, previamente hígido, pôs-se o desafio de correr uma maratona por dia,
durante 365 dias consecutivos. Por volta da 40a maratona relatou início de dor em quadril
direito com irradiação para a região púbica, que piorava durante o exercício e melhorava em
repouso. Manteve-se no desafio e a dor intensificou-se e, após a maratona de número 60, apresentou dor também ao repouso. Buscou atendimento médico e realizou ressonância
magnética de articulação coxo-femoral, que evidenciou fratura de estresse transtrocanteriana
no fêmur direito, sem indicação de intervenção cirúrgica pelo cirurgião ortopédico. Logo, foi
orientado a cessar a atividade e retirar a carga do membro. Além disso, o paciente
apresentava um aporte calórico deficitário em relação ao calculado para a realização da
atividade planejada, uma vez que consumia em torno de 4.500 calorias por dia, sendo o ideal
para este paciente cerca de 5.700 calorias.
Discussão
As fraturas por estresse são resultantes
de uma carga repetitiva anormal no osso, levando à reabsorção e fratura cortical. Podem ser
divididas em fraturas por fadiga, mais comuns em atletas, e por insuficiência, características
de populações idosas. As fraturas por estresse do colo femoral representam 3% de todas as
fraturas por estresse relacionadas ao esporte. O sexo feminino e as corridas de longa distância
praticadas por atletas sem aptidão física adequada são os principais fatores de risco desse tipo
de lesão. O sintoma mais comum é a dor progressiva no quadril relacionada ao exercício. A
investigação inicial é feita com radiografia, porém em até 80% dos casos essa não apresentará
alterações, sendo a ressonância magnética o exame padrão ouro para diagnóstico desse tipo
de fratura. Essas lesões, embora raras, são muito importantes, pois um diagnóstico tardio
pode levar ao deslocamento da fratura e complicações como necrose avascular da cabeça do
fêmur. O tratamento pode ser tanto conservador quanto cirúrgico, e depende da localização,
extensão e deslocamento da fratura. Cerca de dois terços dos casos deslocados não retornam
ao esporte posteriormente, por isso é importante acompanhar de perto e implementar medidas
de prevenção.
Conclusão
Esse caso evidencia a sobrecarga mecânica excessiva e o aporte
calórico inadequado como fatores contribuintes para o desenvolvimento de uma fratura de
estresse no fêmur. Essas lesões são evitáveis, por isso demandam atenção e acuidade da
equipe médica para a identificação precoce e tratamento adequado com maior brevidade.
Esse caso reforça a necessidade de medidas preventivas e um acompanhamento
multidisciplinar, a fim de evitar fraturas e promover o bem-estar dos atletas.
Área
Medicina do Esporte
Instituições
Centro Clínico da UCS (Ceclin) - Rio Grande do Sul - Brasil, Universidade de Caxias do Sul - Rio Grande do Sul - Brasil
Autores
Stefanie Daiane Schmidt, Vitor Lamb Bueno, Amanda Cortes Molon, João Gabriel da Cunha Gomes, Nicolas Campana Fuchs, Gabriel Lopes Amorim