Dados do Trabalho

Título

Ombro do arremessador: Fatores de risco, epidemiologia e estratégias de prevenção

Introdução e Objetivo

O ombro do arremessador é uma condição musculoesquelética comum entre atletas que executam movimentos repetitivos de lançamento, como jogadores de beisebol, vôlei e handebol. Essa lesão, caracterizada por uma série de alterações no complexo articular do ombro, apresenta-se como um desafio para profissionais de saúde e treinadores esportivos. A compreensão aprofundada desta condição é crucial para o diagnóstico precoce, manejo adequado e prevenção de lesões mais graves. Os objetivos dessa revisão são examinar e revisar os principais aspectos da condição do ombro do arremessador, com base em uma análise da literatura disponível, incluindo estudos recentemente publicados.

Casuística e Método

Trata-se de uma revisão de literatura realizada em julho de 2024, utilizando as bases de dados da plataforma PubMed e SciELO. Os descritores em inglês utilizados foram: “pitcher shoulder”, “athletic injuries”, "joint instability", "shoulder" e “tendinopathy". A partir dessa busca, foram encontrados diversos artigos, dos quais 11 foram selecionados. Os critérios de inclusão abrangeram artigos em inglês e português que abordassem os temas propostos para esta pesquisa, estudos de revisão, meta-análises, diretrizes e estudos de caso-controle disponíveis na íntegra. Os critérios de exclusão incluíram artigos duplicados, resumos que não abordavam diretamente o tema estudado e artigos que não atendiam aos demais critérios de inclusão.

Resultados

Os fatores de risco para a condição são variados e incluem aspectos biomecânicos, anatômicos e de sobrecarga repetitiva. A rotação externa máxima do ombro durante o movimento de arremesso pode levar a alterações adaptativas que resultam em uma cascata patológica de lesões, como o déficit de rotação interna glenoumeral (GIRD). A prática repetitiva e intensa de arremesso, especialmente em jovens atletas, está associada a uma maior incidência de lesões. Fatores como a idade, a altura, a velocidade do arremesso e a fadiga do braço são identificados como riscos independentes. Todavia, 75% das vítimas de lesões esportivas são do sexo masculino. Entre estas, as lesões no ombro representam entre 8% e 13% do total de lesões esportivas. A luxação do ombro ocorre em 1% a 2% da população, com uma incidência de 1,7% em adultos, sendo três vezes mais comum em homens. A maioria das luxações de ombro são anteriores e, destas, 95% são traumáticas. São mais frequentes em atletas com menos de 20 anos de idade, com índices ultrapassando 90%.

Discussão

Intervenções como alongamento do "sleeper" e exercícios de fortalecimento dos músculos rotadores externos do ombro mostram potencial para reduzir a incidência de lesões de arremesso. Em jogadores jovens, programas de prevenção que incluem exercícios de mobilidade dinâmica e treinamento de equilíbrio durante o aquecimento mostraram reduzir a incidência de lesões no ombro e cotovelo. Reduzir a carga de arremessos e evitar a fadiga são estratégias propícias para evitar esse tipo de lesão. A utilização da mecânica adequada de arremesso é necessária para minimizar o estresse nas articulações do ombro e cotovelo. A American Academy of Orthopaedic Surgeons recomenda focar no fortalecimento do core, controle escapular e amplitude de movimento articular para prevenir lesões.

Conclusão

Conclui-se que o ombro do arremessador é uma condição multifatorial, cujos fatores de risco incluem sobrecarga repetitiva, alterações biomecânicas e anatômicas, além de fatores específicos como idade e gênero. A prevalência em atletas jovens reforça a importância de medidas preventivas, como programas de fortalecimento e controle de carga. Estratégias como alongamento específico, exercícios de mobilidade e a manutenção de uma técnica adequada de arremesso são essenciais para minimizar o risco de lesões e garantir a longevidade esportiva.