Dados do Trabalho


Título

Efeitos das práticas crioterápicas de corpo inteiro (WBC) e parcial (PBC) em atletas: revisão integrativa da literatura

Introdução e Objetivo

A crioterapia, técnica terapêutica que engloba terapias locais e sistêmicas de frio, tem sido amplamente empregada em diferentes modalidades esportivas. Seus efeitos terapêuticos são conhecidos desde a antiguidade, e, ultimamente, a crioterapia é aplicada nos centros de reabilitação esportiva, nas formas de aplicação de corpo inteiro (WBC) e parcial (PBC). No contexto esportivo, a crioterapia visa promover recuperação muscular, prevenir lesões e melhorar o desempenho. Dessa forma, o presente estudo visou revisar e sintetizar os efeitos da crioterapia em atletas, distinguindo as formas de aplicação e, assim, fornecendo uma visão consolidada sobre o uso da técnica no esporte e contribuindo para a prática baseada em evidências.

Casuística e Método

O presente estudo seguiu os princípios de uma revisão integrativa da literatura. Para tanto, a base de dados selecionada foi a PubMed, utilizando os descritores “Crioterapia” e “Atletas” em combinação com o operador booleano “AND”, e os idiomas considerados foram o português e inglês. A busca foi limitada a artigos publicados entre os anos de 2023 e 2024. Os critérios de exclusão foram estudos duplicados, revisões narrativas, estudos com modelos animais e cuja temática não abordava a prática esportiva. Dois pesquisadores, de forma independente e cegada, fizeram as buscas e, após a triagem (título e resumo) e elegibilidade, os resultados foram confrontados. Os dados foram apresentados de forma descritiva, manifestando os tipos de estudo e as diferenças entre as formas de aplicação e seus efeitos.

Resultados

Foram acessadas 73 publicações, porém 16 foram incluídas na análise final. Segundo os tipos de estudos, esses foram assim classificados: três revisões sistemáticas, seis ensaios clínicos experimentais, quatro estudos cruzados e três estudos observacionais. Sendo que desses, 10 tratavam a respeito de WBC, quatro sobre PBC e dois englobaram ambas as técnicas. As modalidades esportivas contempladas foram: esportes de alta intensidade, badminton, futebol, basquete, ciclismo e tênis. Os principais benefícios encontrados foram: melhora na recuperação (68%), analgesia (37,5%), desempenho (31,25%), redução do estado pró-inflamatório (31,25%), alteração temporária do perfil metabólico (12,5%) e redução da temperatura (12,5%). Por outro lado, os efeitos adversos (18,75%) foram piora da dor muscular, impacto negativo no desempenho, queimadura e coceira. Especificamente, os efeitos da PBC foram: melhora no desempenho (75%), recuperação (50%), dor (25%), proteção contra lesões musculares (25%) e redução da temperatura (25%); e o malefício foi impacto negativo na performance (25%). Na WBC, os benefícios foram: melhora na recuperação (30%), dor (30%), desempenho (20%), resfriamento (10%), redução de marcadores inflamatórios (50%), melhora no perfil lipídico (20%); e os malefícios foram dor (10%), queimadura (10%) e coceira (10%). E para a combinação das duas técnicas os efeitos foram alívio da dor muscular e melhora na recuperação, sem identificação de malefícios.

Discussão

O tratamento de atletas exige uma vasta gama de recursos e a crioterapia é uma das técnicas ainda empregada. Os estudos confirmam os benefícios intrínsecos às práticas crioterápicas, tanto para WBC quanto para PBC e há similaridade dos efeitos. Além dessas estratégias terapêuticas, há também a indicação de associação dessas técnicas com a execução simultânea de exercícios físicos. Apesar das diversidades terapêuticas é imperativo respeitar as formas de aplicação, tempo, duração e limitações dessas técnicas.

Conclusão

A crioterapia é um recurso terapêutico empregado para melhoria do desempenho e recuperação de atletas e, independentemente da sua forma de aplicação, tanto WBC quanto PBC, promove efeitos físicos benéficos.

Área

Medicina do Esporte

Instituições

Faculdade de Medicina de Bauru (FMBRU-USP) - São Paulo - Brasil

Autores

Fernanda Frasseto, Guilherme Santos da Silva, Bruno Martinelli